Se coincidências existem ou esta tudo definido em nosso destino não sei. Mas existem momentos na vida que isto é posto em cheque. Um destes casos aconteceu comigo quando sai de Arenales e fui para Mendoza. Cheguei ai sem saber com quem escalaria e a idéia era passar no Frey rapidamente e depois ir a Cochamo.
Quando acordo no albergue em Mendoza cruzo com o Eduardo Pedro de Joinvile, que havia voltado de Cochamo e estava um pouco perdido, voltando não querendo voltar! Com tamanho esforço, uma cerveja e meia palavra pois logo ele me interrompe dizendo: -vamos! Consegui convencer o Edu a ir ao Frey escalar por alguns dias. E ficou claro que seriam somente alguns dias no Frey e principalmente para escalar a via Sinistro total e mais alguma via longa e de boas fendas.
Eduardo Pedro na quarta cordada da via Sinistro Total 6b na face oeste da agulha Principal.
Chegamos em Barriloche no final da manhã, estava super quente, a "praia" da cidade estava lotada, tinha até mulher de biquíni!!! Fomos ao mercado e organizamos nossas "tralhas" a tempo de embarcar no ultimo ônibus para o Cerro Catedral. Saímos com o mínimo de equipamentos, o mais leve possível, sem barracas, pouca roupa, uma corda, tudo "justito"! A previsão indicava mais dois dias de bom tempo e depois chuva!
Eu na quinta cordada da Sinistro, fenda larga, alucinante!
Bivacamos no começo da trilha e no outro dia caminhamos até o vale do Campanile. O bosque estava bem florido, com muitos frutos gostosos a vida estava exuberante! Bivacamos (acampar sem barracas) no vale do Campanile.
Saímos para escalar a face oeste da Agulha principal as 6h e as 8h estávamos na base para os rapeis de acesso a face oeste. Entramos com costuras e camalots contados, sem mochila, 1L de água, deixamos os tênis antes do rapel e entramos com somente uma corda de 70m.
Quinta cordada, boa fenda de camalots #3!
A escalada fluiu super bem, erramos a parada para o pêndulo em uns 10m mas rapidamente desescalamos e seguimos o caminho certo. A via é linda, sem sombra de duvida a melhor que escalai no Frey, todas as cordadas são de pura fenda. A via toda não tem proteções fixas, um piton ou outro.
Quando estávamos nas enfiadas para atravessar em sentido da via normal a tempestade chegou com muito granizo e raios. Cabrummm!! Edu guiou a travessia, mas na hora de recolher a corda ela travou, tive que sair escalando e recolhendo a corda até libera-la, o granizo não deu trégua! Quando cheguei na parada vimos a capa rompida, que merda! Mais uma pequena cordada na chuva e chegamos na ultima cordada da via normal, onde rapelamos protegidos do vento.
Chegando ao acampamento encontramos o Gustavo Neto de Pelotas e o Speed de Curitiba desfrutando um bom whisky! Como escreveu Vinicios de Moraes "Whisky é o melhor amigo do homem, é o cão engarrafado", que desfrute!
Eu na via Clemenzo - Agulha Principal.
Depois de um dia de muita chuva e frio o tempo abriu, saímos novamente para a Aguja Principal onde escalamos a via Clemenzo.
Vista do Vale Frey durante a escalada da via Clemenzo.
Do nosso bivac até o cume da principal foram 4h! Ficamos bem animados com nosso ritmo! Logo Edu chegou com uma idéia irresistível, ele disse:-Vamos para Chalten?
Bem e porque não!!
2 comentários:
..."a vida estava exuberante." Essa sua observação faz imaginar a beleza do lugar e a sua felicidade de estar alí. Linda a sua viagem Daniel!
Abraços!
ótimas lembranças deste lugar maravilhoso...
uma lembrança que irá pra sempre comigo.
abraços amigo...
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