7 de abril de 2011

Suerte Patagonica!

Uau!! Chegar a Chalten com tempo bom escalar e ir embora tudo isso em 6 dias depois de mais de 2 meses de peregrinação pelos Andes foi incrível!!! Pura suerte! Mas foi o que passou comigo e com o Eduardo Pedro quando escalamos a Aguja Guillaumet pela via Comesaña-Fonrouge 6b 350m. Leia o relato abaixo do Edu que foi publicado na edição número 4 do "Jornal da Montanha".

"Eu e o Daniel Fernandes pelo dia 20 de Fevereiro bem na metade da melhor janela da temporada, então subimos para Piedras Negras no mesmo dia com a idéia de fazer uma escalada mais rápida porque não teríamos muito tempo mais de janela assim escolhemos a travessia da Agulha Guillaumet para a Agulha Mermoz, começando pela via Comesaña-Fonrouge VIIa-350 metros na Agulha Guillaumet. Subimos rapidamente a Guillaumet e em quatro horas de escalada estávamos no cume. Começamos a fazer a travessia e no último trecho, justo onde faríamos os rapéis para chegar a Agulha Mermoz, chegamos a um tramo que pelas descrições era para ser de neve mas encontramos puro gelo devido a temporada estar bem adiantada. Como optamos em não levar crampons, para ir mais leve, tivemos que voltar deste ponto. Escalando tudo que tínhamos rapelado e rapelando tudo que havíamos escalada até voltarmos mais uma vez ao cume da Guillaumet, onde rapelamos pela via que escalamos chegando na base ainda com luz e um pouco de vento."  

Visual ao amanhecer do primeiro dia, Cerro Torre abaixo da lua e o maior é o Fitz Roy.

Bem pra complementar o relato do amigo no inicio da escalada tem uma rampa de neve de uns 180m que eu subi de tênis e o Edu de bota ambos sem grampons, logo depois de nós chegaram mais escaladores com botas e grampons! Na volta rapelamos esta rampa pois a neve estava dura e era bem vertical. Escalamos quase toda a via em simultâneo com exceção da cordada de 6b. A ida e volta da travessia para a Mermoz nos rendeu mais 8 cordadas.
Bivac em Piedras Negras, ao fundo as Agulhas Gullaumet e Mermoz e Fitz.
Edu na ultima cordada antes das rampas para o cume.

Eu no cume da Agulha Guillaumet!


Fiquei hipnotizado pelo local, quero mais!!!

21 de março de 2011

De volta ao Frey!

Se coincidências existem ou esta tudo definido em nosso destino não sei. Mas existem momentos na vida que isto é posto em cheque. Um destes casos aconteceu comigo quando sai de Arenales e fui para Mendoza. Cheguei ai sem saber com quem escalaria e a idéia era passar no Frey rapidamente e depois ir a Cochamo. 
Agulha Principal face leste, vista do acampamento do vale do Campanile.

Quando acordo no albergue em Mendoza cruzo com o Eduardo Pedro de Joinvile, que havia voltado de Cochamo e estava um pouco perdido, voltando não querendo voltar! Com tamanho esforço, uma cerveja e meia palavra pois logo ele me interrompe dizendo: -vamos! Consegui convencer o Edu a ir ao Frey escalar por alguns dias. E ficou claro que seriam somente alguns dias no Frey e principalmente para escalar a via Sinistro total e mais alguma via longa e de boas fendas.
Eduardo Pedro na quarta cordada da via Sinistro Total 6b na face oeste da agulha Principal.

Chegamos em Barriloche no final da manhã, estava super quente, a "praia" da cidade estava lotada, tinha até mulher de biquíni!!! Fomos ao mercado e organizamos nossas "tralhas" a tempo de embarcar no ultimo ônibus para o Cerro Catedral. Saímos com o mínimo de equipamentos, o mais leve possível, sem barracas, pouca roupa, uma corda, tudo "justito"! A previsão indicava mais dois dias de bom tempo e depois chuva!
Eu na quinta cordada da Sinistro, fenda larga, alucinante!

 Bivacamos no começo da trilha e no outro dia caminhamos até o vale do Campanile. O bosque estava bem florido, com muitos frutos gostosos a vida estava exuberante! Bivacamos (acampar sem barracas) no vale do Campanile.
Saímos para escalar a face oeste da Agulha principal as 6h e as 8h estávamos na base para os rapeis de acesso a face oeste. Entramos com costuras e camalots contados, sem mochila, 1L de água, deixamos os tênis antes do rapel e entramos com somente uma corda de 70m.
 Quinta cordada, boa fenda de camalots #3!

A escalada fluiu super bem, erramos a parada para o pêndulo em uns 10m mas rapidamente desescalamos e seguimos o caminho certo. A via é linda, sem sombra de duvida a melhor que escalai no Frey, todas as cordadas são de pura fenda. A via toda não tem proteções fixas, um piton ou outro.
Quando estávamos nas enfiadas para atravessar em sentido da via normal a tempestade chegou com muito granizo e raios. Cabrummm!! Edu guiou a travessia, mas na hora de recolher a corda ela travou, tive que sair escalando e recolhendo a corda até libera-la, o granizo não deu trégua! Quando cheguei na parada vimos a capa rompida, que merda! Mais uma pequena cordada na chuva e chegamos na ultima cordada da via normal, onde rapelamos protegidos do vento. 
Chegando ao acampamento encontramos o Gustavo Neto de Pelotas e o Speed de Curitiba desfrutando um bom whisky! Como escreveu Vinicios de Moraes "Whisky é o melhor amigo do homem, é o cão engarrafado", que desfrute!    
Eu na via Clemenzo - Agulha Principal. 

Depois de um dia de muita chuva e frio o tempo abriu, saímos novamente para a Aguja Principal onde escalamos a via Clemenzo.
Vista do Vale  Frey durante a escalada da via Clemenzo.

Do nosso bivac até o cume da principal foram 4h! Ficamos bem animados com nosso ritmo! Logo Edu chegou com uma idéia irresistível, ele disse:-Vamos para Chalten?
Bem e porque não!!


8 de março de 2011

Aventuras en el Cajon del Arenales

Estava familiarizado com este ambiente, já completavam quase 30 dias de muitas escaladas. Eu e o João Casol já havíamos repetido as vias mais exigentes das Agulhas Campanile e da Chales Webis. Escaladas de “pura fenda”, bom granito em sua maioria de 180 a 200m. Como rack já estava enxuto e a cabeça grande resolvemos sair para abrir algumas vias naquele mundo de pedra!
Por do sol no Cajon.
João Casol na via Acuario 6b- Aguja Chales Webis
Eu na via Ya te averigua 6b.
Eu na 2 enfiada da via Sapiencia Ficticia 6c - Aguja Campanile.
Canpanille e o diedro mais evidente é a linha da Sapiencia ficticia.

Começamos por uma grande agulha ao lado da Chales Webis chamada El Moncho, seu nome é uma homenagem a um escalador local que morreu na Patagônia, que possuía apenas uma via. João, Marcelo Duran e Mimi haviam começado a via na temporada passada e foram até quase completar a segunda cordada. Acompanhei o João na repetição da primeira um 6c em diedro delicado com a saída um pouco exposta, e da segunda que sai em uma fenda difícil de 6c e ao final tem um alucinante lance em agarras 7a+ em parede levemente negativa, super estético! Daí são mais duas cordadas pela arresta da parede toda em móvel e fáceis até o cume. “Prensa que sobe” 7a+ 180m 4 enfiadas, Aguja El Moncho parede sudoeste.
Cume da Aguja Chales Webis
Na segunda enfiada na abertura da via Variandus variantes 6b.
Chimchillon, tipo de lebre que vvi na região.
Eu na segunda cordada da via The Lords 6b+ de bons entalamentos de meio corpo!


Na manhã seguinte já estávamos na base da parede sudoeste da Chales Webis para abrir uma linda linha de fendas perfeitas que nos “chupava desde abajo”. João começou por um diedro gigante de 60m com boas passadas de 6b “sostenido”! A decepção é que este diedro já havia sido conquistado, havia uma reunião de chapas ao final. Mas esta via seguia para a direita e nos seguiríamos reto em direção a grande fissura que víamos desde o chão. Assumi a segunda que começou em agarras seguindo uma fenda fechada o que me obrigou a bater uma chapa para superar um lance de 6a+ , depois segui por fendas até o platô acima. A terceira encabeçada pelo João passa por boas fendas e ao final tem lances alucinantes de agarras protegidos em móvel. A próxima enfiada foi um “regalo”, linda fissura de dedos que começou dura e foi aliviando ao final. “ Variandus variantes” 6b 220m 5 enfiadas, Aguja Chales Webis parede sudoeste.
Aproximação da Aguja El Espejo.
Laguna , depois do primeiro Tapon.
Aguja El Espejo.
João iniciando a primera enfiada na abertura da via Espejo mio.
João no teto na primeira cordada.
Eu na segunda cordada da Espejo mio.
No cume eu, Beto e João, Aguja El Espejo.
Para nossa ultima conquista escolhemos uma agulha ainda sem ascensão, com um granito relusente como espelho. Localizada um pouco mais ao fundo do vale depois do primeiro “tapon”, passe o lago é o primeiro vale a direita, subindo mais um pouco vc chega ao granito polido da agulha que chamamos de Aguja El Espejo. Para esta empreitada juntou-se a equipe o amigo José Roberto “Beto” de São Paulo. Começamos a escalar ao meio dia e como a linha não parecia facilitar muito, imaginamos que não conseguiríamos finalizar no mesmo dia. Mas as fissuras se revelaram perfeitas e a linha escolhida super natural! Chapas somente nas paradas! Cada um encarando uma das três primeiras enfiadas da linha de granito puro sangue e sem precisar bater proteções, progredimos rápido e ao final do dia o João estava finalizando a ultima cordada e chegando ao cume. A via ficou com paradas fixas, boa para rapelar. “ Espejo, espejo mio” 6c+ 180m 4 enfiadas, Aguja El Espejo perede leste.
Eu na via Harmonica 6a,Aguja Campanile, escalada com o Edu Pedro.
Eu no diedro da Cuyonita 6a, Campanile.
Edu e eu no cume do Campanile.
Luciana Maes nas ultimas cordadas da via Mejor no hablar de ciertas cosas 6b 500m
Guanacos cruzando a morena.
De papo pro ar!!!
Seguramente foi o pico onde escalei as melhores fendas da minha vida! El mágico Cajon Del Arenales!! Ainda permaneci ai mais 10 dias para escalar mas um monton!! Agradecimentos aos amigos João Casol, Eduardo Pedro e Luciana Maes pelas parcerias e escaladas! Os Croquis das novas vias estarão disponíveis no site abaixo.


16 de agosto de 2010

De bondinho no Pão de Açucar!

Desde 2001 viajei praticamente todos os invernos para a região da Mantiqueira, sul de minas e ou Rio de Janeiro. Mas na maioria das vezes que fui ao rio fiquei pela a região serrana, apenas em 2003 fiz uma rápida visita na qual escalei pela primeira vez no Pão de Açucar e retornei somente agora.
 Face oeste, vista do Morro da Urca.
Na primeira visita assim como nesta fiquei poucos dias, principalmente pela dificuldade de se hospedar no RJ, hospedagens caras, transito, risco se assaltos e todas as dificuldades do caos urbano. Justamente por estas dificuldades que aproveitei a oportunidade que surgiu na ultima hora de ficar hospedado na casa do PH na Urca a poucos metros do Pão de Açucar.
Fomos eu e o Fernando "Grilo" de Laguna de carro direto de Bombinhas para a Urca , saímos as 7h e chegamos as 23h30 na casa do PH. Ainda não conhecia o PH , cara muito gente boa que nos recebeu com uma super hospitalidade! Valeu PH!!!
Já no dia seguinte as 8h estávamos na base da via Secundo Costa Neto 5 VIIa E3 D3.
Primeira cordada da secundo, bem apertadinha!!!
Segunda cordada a chaminé vai virar um lindo diedro!

Nando na saída da terceira cordada!
Nossa o RJ continua lindo !!! Ao fundo o Morro da Babilónia, Urca e bem ao fundo a direita o Corcovado.
Nando na penultima parada.
Que escalada maravilhosa ainda mais depois de semanas sem escalar por causa da chuva!! Em excelente companhia do novo amigo Nando.
Chegar ao cume do Pão de Açucar é algo único, pop!! Para chegar na estação vc escala pela proteção do mirante da estação do bondinho. Chegando ao cume logo aparecem turistas fazendo perguntas. O cume normalmente é um local isolado e que dificilmente vc encontra alguém!! Aqui é um dos principais pontos turísticos desta mega cidade!!
Até shops tem!!!
A pedidos do Nando que escalava pela primeira vez aqui fomos escalar a clássica e talvez  mais frequentada via local a Italianos 5 V E1 D1 na face oeste. Um pequeno erro na saída da via e começamos pela Cisco Kid que tem já de inicio um lance de 7b maroto.
Descendo de bondinho com vista para a face oeste.
A Italianos termina antes do cume, então seguimos por uma variante que vai em direção a  via secundo.

O local onde existem as vias mais impressionastes do Pão de Açucar é o Toten que fica na face sul. 
Esta visão é da face oeste, o toten é a formação a direita da parede.

No ultimo dia que fiquei na "Cidade Maravilhosa" fomos escalar a super clássica Chaminé Gallotti 5 VI, com quase 300m esta via foi conquistada em 1952 e foi a quarta a chegar ao cume. Durante a conquista os escaladores encontraram uma "múmia" , um cadáver e o motivo da morte é um mistério até hoje.

Vista do Totem e da Chaminé Gallotti.
Na noite anterior choveu bastante, amanheceu bem instável mas fomos mesmo assim. Escalamos alguns trechos molhados no inicio, depois choveu um pouco mas estávamos protegidos dentro da grande fenda.
Tiramos poucas fotos e nenhuma boa, esta acima é na quarta cordada onde tem um lance de oposição para sair da chaminé. Linda enfiada!
Nando na P3.
Penúltima cordada, logo começou a chover forte e escorrer água, então descemos.
No mesmo dia viajamos até o Dedo de Deus para escalar no dia seguinte, mas a chuva não parou!!!!