12 de agosto de 2008

O que é uma Montanha?

Para um geógrafo, as montanhas são uma característica da superfície terrestre, tão dignas de estudo como as pradarias, os rios e as ilhas. Do ponto de vista biológico, os ecossistemas montanhosos são menos interresantes que os arrecifes de coral ou as selvas tropicais. Antropólogicamente acontece algo parecido, pois existem menos culturas provenientes das montanhas que de regiões de geografia mas benignas.
Linguisticamente, falta precisão sobre o que constitui uma montanha. A Real Academia Espanhola diz que é "uma grande elevação do terreno". Mas não define qual elevação é "grande". Existem serras, colinas, cerros, cordilheiras. Em que momento uma colina se converte em montanha, a serra em cordilheira?
As montanhas não deveriam ocupar tanto espaço no imaginário humano. É um ambiente que o homem tem evitado, seja por sua pobreza biológica como por suas condição hostis de terreno e clima. Durante séculos, as montanhas tem sido uma barreira, um lugar para esconder-se mas que um espaço à colonizar.
Sem embargo elas exercem uma poderosa fascinação sobre nós. Apesar de evitadas, são sempre avistadas. Apontam para o céu, são parte do cosmos. Os deuses gregos residiam no Monte Olimpo. O Fujiyama é um lugar de peregrinação para os japoneses e o Kaila para os budistas. Moises recebeu os mandamentos no monte Sinai e Jesus pronuncio o sermão da montanha.
As montanhas superam a relevância de que correspondem a apenas a manifestações topográficas. A imaginação do homem lhe deu uma transcendência muito maior...
( texto do livro "Cita en la cumbre" autor Sebastian Letemendia)

9 de junho de 2008

Neurônios friiiitos!!!!!!!!



Uma das vias mais conhecidas do Brasil a “Neurônios Fritos” 5 VII A3 250m, aberta em 1992 pelos Montanhistas Eliseu Frechou e o mítico Bito Meyer foi e ainda é uma via de respeito! Um teto em A3 seguida por uma cordada de VII bem exposta na qual o guia cai em cima do segue, eram as cordadas crux. Algumas proteções estariam em péssimo estado, poderia haver marimbondos no teto e é claro aquela sugeirinha típica de vias com poucas e esparsas repetições eram mais algumas dificuldades que poderíamos encontrar.
A equipe estava formada, eu e Roberto Sponchiado “Beto”, nenhum de nós havia escalado a via antes e a idéia de repeti-la nesta temporada surgiu durante a escalada da Crazy Muzzungos um mês antes. O clima estava perfeito sem frio e um pouco quente o suficiente para escalar de camiseta e não chovia há meses.
Sem muita preocupação conversamos com o Bruno “Cabeção” que já havia repetido a via duas vezes para saber dos “betas”. Um dia de descanso antes de entra na via, passeio com a namorada em Campos do Jordão, um chopinho de tarde e cama cedinho para encontrar com o Beto às 7h.
Uma espessa neblina cobria a manhã e escondia o céu azul, depois das diversas curvas para se chegar ao estacionamento do Bauzinho finalmente às 9h iniciamos a caminhada para a base. Beto iniciou as primeiras cordadas em um longo trepa mato um pouco mais difícil do que o Bruno havia descrito, tanto que fizemos encordados! Guiei a primeira cordada em rocha por uma aderência fácil que leva até a base da parede vertical, a segunda cordada segui por uma fenda a direita depois da ultima chapeleta que me levou a lugar nenhum! Desescalei até a chapeleta e segui pela esquerda em um lance aéreo muito bonito seguindo por agarras grandes até os blocos soltos que antecedem a parada abaixo do grande teto, linda cordada! O teto inicia com um rurp que esta na via e logo depois segue por peças sólidas em uma fenda grande e negativa, não consegui encontrar o furo de clif para cruzar para uma fissura e para não perder mais tempo segui pela fenda até o teto onde após mais peças sólidas, um píton, uma chapeleta e uma passada em clif bonita sai do teto e cheguei à parada. Era o óbvio da linha e a escalada mais natural e limpa a se fazer! Gostei muito da cordada mais foi mais fácil do que imaginei!
Depois de ouvir algumas reclamações do Beto, o teto não é digamos muito cômodo para limpar, ele guiou a enfiada seguinte. Cordada adrenante, com lances expostos e sujinhos e se cair vai para baixo da parada, fica pendurado no teto! O Beto mandou muito bem e seguimos para a próxima cordada com o sol se pondo e chegamos ao cume na ultima luz e sem lanternas! Aquele ritual habitual encerrou mais esta escalada que tive o prazer de dividir com o amigo Beto. Grandes paredes e grandes amigos, a melhor receita! Até a próxima!

23 de maio de 2008

Croquis do Morro de Rio Bonito - Rio dos Cedros SC


O morro de Rio Bonito é um local unico e exepcional para escaladas com proteções móveis. Vias de 6 à 8 grau com uma no máximo duas chapeletas ou melhor nenhuma! Rotas limpas a maioria em livre mas também com bons, difíceis e variadas colocações e situações nos artificias. Um grande teto protege o principal setor das chuvas deixando a parede totalmente ou parcialmente seca nos dias de mau tempo. É possivel alugar casas dentro do sitio e a região possui um hotel e uma mercearia. Também é possivel acampar.
Para chegar a Rio dos Cedros siga em diração a Blumenau, Pomerode e Rio dos Cedros. Em Rio dos Cedro pergunte sobre a estrada para a represa de Rio Bonito. Em Rio Bonito pergunte sobre o sitio do senhor Antonio Bona, encontrará fácil. Maiores informações www.valedosventos.tur.br este é o contato para alugar um dos chales próximo ao morro e para pedir autorização para acampar.

Escale sempre de capacete!! Risco de queda de pedras em algumas vias!

Abaixo detalhes sobre as vias:

1- Dark Side 7b E2/3. Daniel Fernandes, Fabiana T. Buhrer e Cristian Weber 2005.

Material= um jogo de camalot completo com algumas peças repetidas como 0.3,2,3. 15 costuras se escalada em uma cordada.

Rapel possível com corda de 50m pela nobody home 2 rapeis.

Bonito diedro com lance de 7b obrigatório pode ser escalada em uma ou duas cordada , paradas fixas. Uma das vias mais legais do setor!!

2- Subindo a serra 5sup E2. Marius Bagnatti, Daniel Fernandes 2005.

Material= Nuts e camalot 0.5,0.75,1,2,3,4,(5 opcional)

Rapel passando por traz da chaminé na parada da via Bruxa amarela .

Boa via para conhecer o setor , parada em móvel.

3- C3 Marius bagnatti 2005

Rapel pela parada da Nobody home com corda de 50m.

Artificial complexo sem proteções fixas.

4- Nobody Home C2+ 5. Daniel Fernandes e Rian Muller 2004.

Material= um jogo de camalots , tcu's, nuts, micro nuts repetidos , Rp's, 2 clifs talon , clif hanger, 15 costuras.

Rapel 2 com corda de 50m.

Artificial complexo com bonitas passadas de clif na segunda cordada. Paradas fixas.

5- Urubu Rei 7a E2. Daniel Fernandes.

Material= um jogo de camalot mais o 0.75,1,2 repetidos 11 costuras.

Rapel pela própria via com corda de 50m.

Via muito bonita e variada, com lances de agarra, fenda, diedro e oposição. Paradas fixas.

6- Gosto Amargo 7a E2. Daniel Fernandes, Leonardo Voelz , Christielsen Dias 2002.

Material= Nuts e um jogo de camalot até o 3, 12 costuras.

Rapel pela via com corda de 50m.

A mais classica , primeira via aberta no morro. Segue inteira por um lindo diedro fendado! É a via mais repetida do setor!

7- Corvo Branco 8 A1 E3. Marius bagnatti , Daniel Fernandes e Bito Myer 2004.

Material= dois jogos de camalot até o 3 mais um 4 e 5 , tcu's, 15 costuras.

Primeiro rapel até a parada da Gosto amargo, são dois rapeis e possível com corda de 50m.

Via com lance obrigatório de 8 a/b exposta e muito bonita. Primeira parada móvel segunda fixa.

8- Foda sem Ziper 6 sup A3. Rian Muller, Celso 2006.

Material= um jogo de camalots completo,nuts, tcu's, micro nuts 1,2 repetidos , pitons cassin, pecker, Rps, Rurp, cooper heads. 15 costuras mais mosquetões avulsos.

Rapel mesmo da corvo branco.

Artificial complexo em peças muito pequenas e colocações rasas.

9- Teykrise 6. Daniel Fernandes e Luciano Siqueira 2003.

Material= camalot's 0.5,0.75,2,3,4

Rapel pela via.


Via curta e fácil, parada fixa.

10- Verdon Forever 7b E2/3. Daniel Fernandes e Rian Muller 2007.

Material= camalot's 0.3,0.4,0.5,0.75,1 10 costuras.
Rapel pela Bruxa amarela com corda de 50m.
Via bem atlética com lances expostos , muito bonita!

11- Bruxa Amarela 6 sup E3 A1 . Daniel Fernandes, Leonardo Voelz e Sirio Jader 2002.

Material= camalots 0.1,0.3,0.5,0.75,1,2,3 , nuts, estribos, corda de 60m e 12 costuras.

Dois rapeis com corda de 60m. Paradas Fixas.
Segunda via conquistada no setor , a primeira cordada tem um lance depois do teto bem exposto com colocações duvidosas, cuidado! Linha bonita e variada , chaminé, agarra, fenda, teto, diedro, divirta-se!

12- Ataque Ninja 6 E4. Daniel Fernandes e Rian Muller 2006.

Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3,4 , 6 costuras.

Rapel pela Bruxa Amarela ou Urubanda.
Linha muito bonita sem nenhuma proteção fixa , mas com lances expostos e obrigatórios de 6. As colocações não são óbvias e ficam após os crux. A linha não segue por fendas e proteção no crux é em um buraco não visivel da base. Possivel emendar na urubanda , coradada de 60m , linda!

13- Poção Mágica 8a E2/3. Rian Muller e Luiz Andrade 2007.

Material= camalot's 0.3,0.5,0.75,1,2,3, nuts, 10 costuras.

Rapel pela bruxa amarela.
Via atlética com crux bem definido, linda.
14- Projeto, em breve!
15- Urubanda 4sup E2. Daniel Fernandes e André Deeke 2003.
Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3,4 , nuts e 8 costuras.
Rapel é possivel somente com 2 cordas de 60m , um rapel até o chão.
Linha óbivia e facil , com um pequeno trecho de pedras soltas. Boa para quem começa a guiar em
móvel. Melhor desescalar que rapelar!
16- Projeto.
17- Pomerana 5sup E1 A0. Sirio Jader 2006.
Material= camalot's 0.3,0.5,0.75,1,2,5(opcional) , 8 costuras.
Rapel pela arvore no final da via.
Via metade em rocha outra trepa mato fácil. Bonito visual!
18- Comodidade da Ignorância 7a/b E2. Daniel Fernandes, André Deeke, Rafael , Sirio Jader 2007.
Material= camalot's 0.75,1,2, 12 costuras.
Rapel pela via com corda de 60m.
Via bonita que segue a maior parte protegido por chapeletas.
19- Café e xixo 6 A2. Rian Muller e Daniel Fernandes 2004.
Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3, nuts e clif talon ou para regletes, 8 costuras.
Rapel pela via.
Via parte em livre e parte em artificial, bonita passada em clif!






19 de maio de 2008

Escalada da via Crazy Muzzungus no Garrafão


A via Crazy Muzzungos esta na Pedra do Garrafão localizada no Parque Nacional Serra dos Órgãos em Terresópolis-RJ, dentro do chamado “Vale da morte”.No vale além de outras montanhas impressionantes está a Pedra do Sino com algumas das vias de big wall mais difíceis do Brasil! Esta via foi o primeiro big wall do vale, conquistado em 1983 por uma equipe de suíços, com 16 cordadas ( 600m ) graduada em 5 VI+ A2 D6 é famosa pela famigerada aproximação que é considerada por muitos como o big wall de mais difícil acesso do Brasil.
Ouvi mais detalhes desta via na temporada de 2004 quando estava em São Bento do Sapucaí-SP. Mas só fui repeti-la no inicio de Julho de 2007 quando estava na internet e li o e-mail do amigo de SP Bruno “Cabeção” para a lista do Hang On procurando o croqui da crazy, na hora enviei uma resposta perguntando se estavam precisando de mais um parceiro e dia 06/07 o Bruno me buscou na rodoviária, passamos em São Bento para buscar o Beto e partimos para Teresópolis. Depois de alojados no Albergue do Lord acertamos o transporte de ida e volta ao parque com a simpática Dona Ângela.
A aproximação começa pelo leito do rio Soberbo onde entramos dia 8 as 6 AM e iniciamos uma caminhada que poderia ser graduada pelos lances de boulder que não paravam de surgir, na maioria das vezes pedra molhada e musgo com as mochilas pesadas, eram de matar!! Em muitos lances não dava para cair, mas não faltaram quedas na água e no mato enroscado entre espinhos e cipós! Já no final do dia ficamos em duvida, pois tínhamos que encontrar um afluente à direita e uma “mega cachoeira” onde havia uma fita vermelha e uma corda fixa indicando sua subida pela direita, assim estava descrita no e-mail que a Kika tinha enviado ao Bruno, também encontramos um acampamento de caçador que foi descrito no e-mail e ai confundiu mais ainda!! Entramos em um vale errado e perdemos mais algumas horas! Resolvemos seguir mais pelo rio e acampar no melhor lugar possível. Pouco antes de anoitecer achei um totem de pedra em uma das passagens descritas no e-mail, estávamos no caminho certo!! As 12h do segundo dia chegamos no bivac próximo à base.
No primeiro dia de escalada subimos as três primeiras enfiadas em muitos furos de clif grandes e quebrados acabando num trepa mato bem pegajoso! O Cabeção guiou as duas primeiras, eu guiei a terceira eo Beto organizou o bivac e equipos que puxaríamos até a terceira base. Voltamos ao bivac nos alimentamos bem e dormimos cedo, pois as 2:30 da matina acordamos para iniciar o segundo dia de escalada.
Ainda totalmente escuro e com um céu incrivelmente estrelado esperava meus parceiros para guiar a quarta enfiada, eles se atrasaram um pouco com o haul bag enroscando em algumas coisas e às 7h estava guiando. As cordadas demoraram um pouco mais do que imaginamos e entre 5 + “forte” e A2 chegamos a P8 às 21h, com direito a “guiadinha” à noite que o Beto mandou muito bem. Ventava muito o céu estava bem estrelado e já tínhamos a incrível visão da Baia de Guanabara! Chegamos no platô que se revelou uma grande decepção por ser todo inclinado sem lugares bons para deitar, um lanche rápido e bora para os sacos de dormir, pois o vento estava pegando!!!
Guiei as duas cordadas depois do platô com o maior prazer, depois de três dias sem pegar sol foi muito bom esperar os parceiros pegando um sol! Essas enfiadas seguiam por fendas lindas e toda em livre!! Mais uma enfiada curta guiada pelo Beto e chagamos no ombro, uma caminhada cansativa neste grande platô até a base da P12. A neblina fechou completamente e já começava e chuviscar, caralho a ultima cordada sai em aderência! Encharcada seria impossível escalar! Bruno fixou duas cordadas depois do ombro e quando parou já estava tudo molhado. Descemos até o ombro onde comemos uma boa lentilha e tentamos dormir debaixo da chuva!
No sexto e ultimo dia o tempo ficou entre sol e nuvens, subimos os equipamentos até a P14 e como estava tudo molhado seguimos por uma canaleta de mato a direita que saiu em uma fenda com acesso fácil ao cume!! HUUUU finalmente, fotos, videozinho, beber uma aguinha das poças e se organizar para descer o dia estava só começando. Um rapel até o col entre o Garrafão e as encostas do sino, escalar na pedra molhada por um cabo de aço passar alguns buracos e chaminés e o mais difícil puxar o haul bag ! E quando eu pensei que ia aliviar uma caminhada nos costões que levam ao cume do Sino ao entardecer com neblina sabendo que estávamos entre paredes e vales gigantes a atenção foi total para não descer no local errado! Depois de subir o sino chegamos ao refugio 4 da trilha Tere-Petro onde se caminha mais 12km até a entrada do parque. Não tem moleza, esta ultima parte a galera caminhava no limite, “zumbi” caindo de sono! Chegamos a 1:30 da madrugada e a Dona Ângela foi nos resgatar na entrada do parque. Foi a escalada mais exigente fisicamente que já fiz! Alem de muita resistência é preciso experiência em orientação pois, não existem trilhas demarcadas e muita raça! Não é para playboy!

De bike pelo sul da Argentina e Chile




Com certeza não há um veículo que permita viajar tendo um contato tão grande com as pessoas e a paisagem local como a bicicleta. Essa foi a principal razão que me levou a viajar de bicicleta 5400 KM , saindo de Cordoba-AR atravessando a cordilheira dos Andes e passando através das regiões dos lagos e vulcões Chilenos , pedalando pelas magnificas e intimidadoras paisagens Patagônicas até chegar à Ushuaia.
Tudo começou dia 13 de setembro de 2000 , após seis meses de planejamento e condicionamento físico , e é claro uma boa dose de entusiasmo após ler livros como " No guidão da liberdade " e " Atravessando fronteiras ". Estava eu saindo de Cordoba-AR para 3 meses e 25 dias de surpresas e incertezas sobre duas rodas. Fica difícil resumir toda a viagem em poucos parágrafos mas em cada um tentarei relatar algumas das varias situações vividas.
Com quase duas semanas de viagem de Cordoba à Mendonza passando pôr regiões pouco habitadas e paisagem semidesértica estava começando a subir a cordilheira. Saindo de Mendonza resolvi mudar meu trajeto e passar pela estrada de "Villavicencio" pôr ser mais selvagem e bonita. Ao chegar a cidade de "Uspallata" conheci dois ciclistas americanos , Brain e Emily , acampamos juntos e como íamos todos para Santiago-CL pedalamos juntos até o Parque do Aconcágua , onde acampamos próximo a lagoa Horcones aos pés do monte Aconcágua. O dia seguinte amanheceu horrível e tivemos uma difícil pedalada com ventos fortes, neve e muito frio. Neste trajeto conhecemos Eric, ciclista chileno que estava passando de carro pôr nos e nos convidou para dormirmos em sua casa , dizia ele possuir uma " casa de ciclistas"?!? Viajamos até Los Andes , cidade à 80 KM de Santiago onde Eric possuía um pequeno sitio na entrada da cidade voltado para a face sul do Aconcágua. Sua casa foi construída com a ajuda dos ciclistas que ali passaram. Recebendo ciclistas desde 86 já haviam passado centenas e de várias nacionalidades e estilos. Ali descobri que existia uma rede de "casas de ciclistas" pôr todo o mundo que alojam ciclistas viajantes. Fiz muitas amizades e passei momentos incríveis em sua casa , ao sair não tive palavras para agradece-lo.
Partindo de Los Andes passei rapidamente pela região central do Chile para curtir pôr mais tempo a paisagem e a hospitalidade tão famosas do sul chileno. Nesta região os percursos foram tranqüilos, com um clima levemente frio e com muitos lagos e pequenas cidades pelo caminho , não precisei preocupar-me muito com os suprimentos e lugares para dormir , as estradas eram tranqüilas e estavam razoavelmente boas. Apesar de toda essa comodidade foi um dos trajetos mais solitários da viagem.
Patagônia, com certeza a região mais incrível que conheci. A costa do pacifico com suas florestas magníficas e clima muito chuvoso e frio e as estepes com seus ventos desafiadores e paisagem desértica. Foi neste ambiente que conheci Lorenzo, ciclista vasco ( país Vasco Espanha ) que já estava pedalando há 3,5 anos , saindo de Seatlo USA já havia conhecido quase todos os países das América. Figura realmente diferente e nômade nato Lorenzo me acompanhou até Ushuaia. Enfrentamos ventos tão fortes que pôr dias não conseguíamos pedalar, pois o vento lateral nos derrubava da "bike". Lembro-me de olhar para a estrada e ver pequenas pedras serem arrastadas pelo vento. Apesar de toda dificuldade o calor da hospitalidade da população local compensava, pôr vezes éramos recebidos como velhos amigos nas "haciendas de la Patagônia". Ao chegar a cidade de El Calafate para visitar o glaciar "Perito Moreno" conhecemos Jun, ciclista japonês que juntou-se a nos. Estivemos também pôr 5 dias no parque " Torres del Paine " , caminhamos entre suas incríveis torres graníticas e lagos de coloração exuberante.
Chegamos a Ushuaia dia 23 de dezembro ao chegar conhecemos mais três ciclistas mexicanos que nos convidaram para passar a ceia de natal juntos. No dia 25 pedalamos os últimos quilômetros e chegamos a baía de "Lapataia" lugar mais ao sul possível de chegar em uma bicicleta , 1500 KM do polo sul , " FIM DO MUNDO ".

Esta viagen foi realizada entre 13/09/2000 à 25/12/2001.