23 de maio de 2008

Croquis do Morro de Rio Bonito - Rio dos Cedros SC


O morro de Rio Bonito é um local unico e exepcional para escaladas com proteções móveis. Vias de 6 à 8 grau com uma no máximo duas chapeletas ou melhor nenhuma! Rotas limpas a maioria em livre mas também com bons, difíceis e variadas colocações e situações nos artificias. Um grande teto protege o principal setor das chuvas deixando a parede totalmente ou parcialmente seca nos dias de mau tempo. É possivel alugar casas dentro do sitio e a região possui um hotel e uma mercearia. Também é possivel acampar.
Para chegar a Rio dos Cedros siga em diração a Blumenau, Pomerode e Rio dos Cedros. Em Rio dos Cedro pergunte sobre a estrada para a represa de Rio Bonito. Em Rio Bonito pergunte sobre o sitio do senhor Antonio Bona, encontrará fácil. Maiores informações www.valedosventos.tur.br este é o contato para alugar um dos chales próximo ao morro e para pedir autorização para acampar.

Escale sempre de capacete!! Risco de queda de pedras em algumas vias!

Abaixo detalhes sobre as vias:

1- Dark Side 7b E2/3. Daniel Fernandes, Fabiana T. Buhrer e Cristian Weber 2005.

Material= um jogo de camalot completo com algumas peças repetidas como 0.3,2,3. 15 costuras se escalada em uma cordada.

Rapel possível com corda de 50m pela nobody home 2 rapeis.

Bonito diedro com lance de 7b obrigatório pode ser escalada em uma ou duas cordada , paradas fixas. Uma das vias mais legais do setor!!

2- Subindo a serra 5sup E2. Marius Bagnatti, Daniel Fernandes 2005.

Material= Nuts e camalot 0.5,0.75,1,2,3,4,(5 opcional)

Rapel passando por traz da chaminé na parada da via Bruxa amarela .

Boa via para conhecer o setor , parada em móvel.

3- C3 Marius bagnatti 2005

Rapel pela parada da Nobody home com corda de 50m.

Artificial complexo sem proteções fixas.

4- Nobody Home C2+ 5. Daniel Fernandes e Rian Muller 2004.

Material= um jogo de camalots , tcu's, nuts, micro nuts repetidos , Rp's, 2 clifs talon , clif hanger, 15 costuras.

Rapel 2 com corda de 50m.

Artificial complexo com bonitas passadas de clif na segunda cordada. Paradas fixas.

5- Urubu Rei 7a E2. Daniel Fernandes.

Material= um jogo de camalot mais o 0.75,1,2 repetidos 11 costuras.

Rapel pela própria via com corda de 50m.

Via muito bonita e variada, com lances de agarra, fenda, diedro e oposição. Paradas fixas.

6- Gosto Amargo 7a E2. Daniel Fernandes, Leonardo Voelz , Christielsen Dias 2002.

Material= Nuts e um jogo de camalot até o 3, 12 costuras.

Rapel pela via com corda de 50m.

A mais classica , primeira via aberta no morro. Segue inteira por um lindo diedro fendado! É a via mais repetida do setor!

7- Corvo Branco 8 A1 E3. Marius bagnatti , Daniel Fernandes e Bito Myer 2004.

Material= dois jogos de camalot até o 3 mais um 4 e 5 , tcu's, 15 costuras.

Primeiro rapel até a parada da Gosto amargo, são dois rapeis e possível com corda de 50m.

Via com lance obrigatório de 8 a/b exposta e muito bonita. Primeira parada móvel segunda fixa.

8- Foda sem Ziper 6 sup A3. Rian Muller, Celso 2006.

Material= um jogo de camalots completo,nuts, tcu's, micro nuts 1,2 repetidos , pitons cassin, pecker, Rps, Rurp, cooper heads. 15 costuras mais mosquetões avulsos.

Rapel mesmo da corvo branco.

Artificial complexo em peças muito pequenas e colocações rasas.

9- Teykrise 6. Daniel Fernandes e Luciano Siqueira 2003.

Material= camalot's 0.5,0.75,2,3,4

Rapel pela via.


Via curta e fácil, parada fixa.

10- Verdon Forever 7b E2/3. Daniel Fernandes e Rian Muller 2007.

Material= camalot's 0.3,0.4,0.5,0.75,1 10 costuras.
Rapel pela Bruxa amarela com corda de 50m.
Via bem atlética com lances expostos , muito bonita!

11- Bruxa Amarela 6 sup E3 A1 . Daniel Fernandes, Leonardo Voelz e Sirio Jader 2002.

Material= camalots 0.1,0.3,0.5,0.75,1,2,3 , nuts, estribos, corda de 60m e 12 costuras.

Dois rapeis com corda de 60m. Paradas Fixas.
Segunda via conquistada no setor , a primeira cordada tem um lance depois do teto bem exposto com colocações duvidosas, cuidado! Linha bonita e variada , chaminé, agarra, fenda, teto, diedro, divirta-se!

12- Ataque Ninja 6 E4. Daniel Fernandes e Rian Muller 2006.

Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3,4 , 6 costuras.

Rapel pela Bruxa Amarela ou Urubanda.
Linha muito bonita sem nenhuma proteção fixa , mas com lances expostos e obrigatórios de 6. As colocações não são óbvias e ficam após os crux. A linha não segue por fendas e proteção no crux é em um buraco não visivel da base. Possivel emendar na urubanda , coradada de 60m , linda!

13- Poção Mágica 8a E2/3. Rian Muller e Luiz Andrade 2007.

Material= camalot's 0.3,0.5,0.75,1,2,3, nuts, 10 costuras.

Rapel pela bruxa amarela.
Via atlética com crux bem definido, linda.
14- Projeto, em breve!
15- Urubanda 4sup E2. Daniel Fernandes e André Deeke 2003.
Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3,4 , nuts e 8 costuras.
Rapel é possivel somente com 2 cordas de 60m , um rapel até o chão.
Linha óbivia e facil , com um pequeno trecho de pedras soltas. Boa para quem começa a guiar em
móvel. Melhor desescalar que rapelar!
16- Projeto.
17- Pomerana 5sup E1 A0. Sirio Jader 2006.
Material= camalot's 0.3,0.5,0.75,1,2,5(opcional) , 8 costuras.
Rapel pela arvore no final da via.
Via metade em rocha outra trepa mato fácil. Bonito visual!
18- Comodidade da Ignorância 7a/b E2. Daniel Fernandes, André Deeke, Rafael , Sirio Jader 2007.
Material= camalot's 0.75,1,2, 12 costuras.
Rapel pela via com corda de 60m.
Via bonita que segue a maior parte protegido por chapeletas.
19- Café e xixo 6 A2. Rian Muller e Daniel Fernandes 2004.
Material= camalot's 0.5,0.75,1,2,3, nuts e clif talon ou para regletes, 8 costuras.
Rapel pela via.
Via parte em livre e parte em artificial, bonita passada em clif!






19 de maio de 2008

Escalada da via Crazy Muzzungus no Garrafão


A via Crazy Muzzungos esta na Pedra do Garrafão localizada no Parque Nacional Serra dos Órgãos em Terresópolis-RJ, dentro do chamado “Vale da morte”.No vale além de outras montanhas impressionantes está a Pedra do Sino com algumas das vias de big wall mais difíceis do Brasil! Esta via foi o primeiro big wall do vale, conquistado em 1983 por uma equipe de suíços, com 16 cordadas ( 600m ) graduada em 5 VI+ A2 D6 é famosa pela famigerada aproximação que é considerada por muitos como o big wall de mais difícil acesso do Brasil.
Ouvi mais detalhes desta via na temporada de 2004 quando estava em São Bento do Sapucaí-SP. Mas só fui repeti-la no inicio de Julho de 2007 quando estava na internet e li o e-mail do amigo de SP Bruno “Cabeção” para a lista do Hang On procurando o croqui da crazy, na hora enviei uma resposta perguntando se estavam precisando de mais um parceiro e dia 06/07 o Bruno me buscou na rodoviária, passamos em São Bento para buscar o Beto e partimos para Teresópolis. Depois de alojados no Albergue do Lord acertamos o transporte de ida e volta ao parque com a simpática Dona Ângela.
A aproximação começa pelo leito do rio Soberbo onde entramos dia 8 as 6 AM e iniciamos uma caminhada que poderia ser graduada pelos lances de boulder que não paravam de surgir, na maioria das vezes pedra molhada e musgo com as mochilas pesadas, eram de matar!! Em muitos lances não dava para cair, mas não faltaram quedas na água e no mato enroscado entre espinhos e cipós! Já no final do dia ficamos em duvida, pois tínhamos que encontrar um afluente à direita e uma “mega cachoeira” onde havia uma fita vermelha e uma corda fixa indicando sua subida pela direita, assim estava descrita no e-mail que a Kika tinha enviado ao Bruno, também encontramos um acampamento de caçador que foi descrito no e-mail e ai confundiu mais ainda!! Entramos em um vale errado e perdemos mais algumas horas! Resolvemos seguir mais pelo rio e acampar no melhor lugar possível. Pouco antes de anoitecer achei um totem de pedra em uma das passagens descritas no e-mail, estávamos no caminho certo!! As 12h do segundo dia chegamos no bivac próximo à base.
No primeiro dia de escalada subimos as três primeiras enfiadas em muitos furos de clif grandes e quebrados acabando num trepa mato bem pegajoso! O Cabeção guiou as duas primeiras, eu guiei a terceira eo Beto organizou o bivac e equipos que puxaríamos até a terceira base. Voltamos ao bivac nos alimentamos bem e dormimos cedo, pois as 2:30 da matina acordamos para iniciar o segundo dia de escalada.
Ainda totalmente escuro e com um céu incrivelmente estrelado esperava meus parceiros para guiar a quarta enfiada, eles se atrasaram um pouco com o haul bag enroscando em algumas coisas e às 7h estava guiando. As cordadas demoraram um pouco mais do que imaginamos e entre 5 + “forte” e A2 chegamos a P8 às 21h, com direito a “guiadinha” à noite que o Beto mandou muito bem. Ventava muito o céu estava bem estrelado e já tínhamos a incrível visão da Baia de Guanabara! Chegamos no platô que se revelou uma grande decepção por ser todo inclinado sem lugares bons para deitar, um lanche rápido e bora para os sacos de dormir, pois o vento estava pegando!!!
Guiei as duas cordadas depois do platô com o maior prazer, depois de três dias sem pegar sol foi muito bom esperar os parceiros pegando um sol! Essas enfiadas seguiam por fendas lindas e toda em livre!! Mais uma enfiada curta guiada pelo Beto e chagamos no ombro, uma caminhada cansativa neste grande platô até a base da P12. A neblina fechou completamente e já começava e chuviscar, caralho a ultima cordada sai em aderência! Encharcada seria impossível escalar! Bruno fixou duas cordadas depois do ombro e quando parou já estava tudo molhado. Descemos até o ombro onde comemos uma boa lentilha e tentamos dormir debaixo da chuva!
No sexto e ultimo dia o tempo ficou entre sol e nuvens, subimos os equipamentos até a P14 e como estava tudo molhado seguimos por uma canaleta de mato a direita que saiu em uma fenda com acesso fácil ao cume!! HUUUU finalmente, fotos, videozinho, beber uma aguinha das poças e se organizar para descer o dia estava só começando. Um rapel até o col entre o Garrafão e as encostas do sino, escalar na pedra molhada por um cabo de aço passar alguns buracos e chaminés e o mais difícil puxar o haul bag ! E quando eu pensei que ia aliviar uma caminhada nos costões que levam ao cume do Sino ao entardecer com neblina sabendo que estávamos entre paredes e vales gigantes a atenção foi total para não descer no local errado! Depois de subir o sino chegamos ao refugio 4 da trilha Tere-Petro onde se caminha mais 12km até a entrada do parque. Não tem moleza, esta ultima parte a galera caminhava no limite, “zumbi” caindo de sono! Chegamos a 1:30 da madrugada e a Dona Ângela foi nos resgatar na entrada do parque. Foi a escalada mais exigente fisicamente que já fiz! Alem de muita resistência é preciso experiência em orientação pois, não existem trilhas demarcadas e muita raça! Não é para playboy!

De bike pelo sul da Argentina e Chile




Com certeza não há um veículo que permita viajar tendo um contato tão grande com as pessoas e a paisagem local como a bicicleta. Essa foi a principal razão que me levou a viajar de bicicleta 5400 KM , saindo de Cordoba-AR atravessando a cordilheira dos Andes e passando através das regiões dos lagos e vulcões Chilenos , pedalando pelas magnificas e intimidadoras paisagens Patagônicas até chegar à Ushuaia.
Tudo começou dia 13 de setembro de 2000 , após seis meses de planejamento e condicionamento físico , e é claro uma boa dose de entusiasmo após ler livros como " No guidão da liberdade " e " Atravessando fronteiras ". Estava eu saindo de Cordoba-AR para 3 meses e 25 dias de surpresas e incertezas sobre duas rodas. Fica difícil resumir toda a viagem em poucos parágrafos mas em cada um tentarei relatar algumas das varias situações vividas.
Com quase duas semanas de viagem de Cordoba à Mendonza passando pôr regiões pouco habitadas e paisagem semidesértica estava começando a subir a cordilheira. Saindo de Mendonza resolvi mudar meu trajeto e passar pela estrada de "Villavicencio" pôr ser mais selvagem e bonita. Ao chegar a cidade de "Uspallata" conheci dois ciclistas americanos , Brain e Emily , acampamos juntos e como íamos todos para Santiago-CL pedalamos juntos até o Parque do Aconcágua , onde acampamos próximo a lagoa Horcones aos pés do monte Aconcágua. O dia seguinte amanheceu horrível e tivemos uma difícil pedalada com ventos fortes, neve e muito frio. Neste trajeto conhecemos Eric, ciclista chileno que estava passando de carro pôr nos e nos convidou para dormirmos em sua casa , dizia ele possuir uma " casa de ciclistas"?!? Viajamos até Los Andes , cidade à 80 KM de Santiago onde Eric possuía um pequeno sitio na entrada da cidade voltado para a face sul do Aconcágua. Sua casa foi construída com a ajuda dos ciclistas que ali passaram. Recebendo ciclistas desde 86 já haviam passado centenas e de várias nacionalidades e estilos. Ali descobri que existia uma rede de "casas de ciclistas" pôr todo o mundo que alojam ciclistas viajantes. Fiz muitas amizades e passei momentos incríveis em sua casa , ao sair não tive palavras para agradece-lo.
Partindo de Los Andes passei rapidamente pela região central do Chile para curtir pôr mais tempo a paisagem e a hospitalidade tão famosas do sul chileno. Nesta região os percursos foram tranqüilos, com um clima levemente frio e com muitos lagos e pequenas cidades pelo caminho , não precisei preocupar-me muito com os suprimentos e lugares para dormir , as estradas eram tranqüilas e estavam razoavelmente boas. Apesar de toda essa comodidade foi um dos trajetos mais solitários da viagem.
Patagônia, com certeza a região mais incrível que conheci. A costa do pacifico com suas florestas magníficas e clima muito chuvoso e frio e as estepes com seus ventos desafiadores e paisagem desértica. Foi neste ambiente que conheci Lorenzo, ciclista vasco ( país Vasco Espanha ) que já estava pedalando há 3,5 anos , saindo de Seatlo USA já havia conhecido quase todos os países das América. Figura realmente diferente e nômade nato Lorenzo me acompanhou até Ushuaia. Enfrentamos ventos tão fortes que pôr dias não conseguíamos pedalar, pois o vento lateral nos derrubava da "bike". Lembro-me de olhar para a estrada e ver pequenas pedras serem arrastadas pelo vento. Apesar de toda dificuldade o calor da hospitalidade da população local compensava, pôr vezes éramos recebidos como velhos amigos nas "haciendas de la Patagônia". Ao chegar a cidade de El Calafate para visitar o glaciar "Perito Moreno" conhecemos Jun, ciclista japonês que juntou-se a nos. Estivemos também pôr 5 dias no parque " Torres del Paine " , caminhamos entre suas incríveis torres graníticas e lagos de coloração exuberante.
Chegamos a Ushuaia dia 23 de dezembro ao chegar conhecemos mais três ciclistas mexicanos que nos convidaram para passar a ceia de natal juntos. No dia 25 pedalamos os últimos quilômetros e chegamos a baía de "Lapataia" lugar mais ao sul possível de chegar em uma bicicleta , 1500 KM do polo sul , " FIM DO MUNDO ".

Esta viagen foi realizada entre 13/09/2000 à 25/12/2001.